O jornalista Gleen Greenwald, que revelou as primeiras informações da rede de espionagem mundial dos Estados Unidos a partir dos vazamentos do ex-técnico da CIA, Edward Snowden, afirmou em audiência pública na Comissão de Relações Exteriores (CRE) do Senado, que o embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Thomas Shannon, parabenizou a Agência de Segurança Nacional dos EUA (NSA, na sigla em inglês) pela espionagem feita no Brasil. Segundo o jornalista, uma carta de Shannon “festeja” um acordo econômico fechado em uma conferência internacional, onde os EUA levaram vantagem sobre o Brasil, graças à espionagem feita pelo governo americano que revelou as estratégias brasileiras.

O jornalista diz que, desde o 11 de setembro, a desculpa é que os americanos fazem tudo pela segurança nacional, porém, há muitos documentos que não falam em terrorismo ou proteção nacional, mas sobre competição entre empresas, sobre acordos econômicos, e sobre levar vantagem em contratos multilaterais. Greenwald também afirmou que o governo americano tem capacidade de invadir e-mails, metadados como tempo de ligações telefônicas, destino de e-mails, e assuntos que estão sendo discutidos no e-mail e no telefone. Esse programa é mais poderoso, mais assustador sistema que já tivemos.

Ademais, a NSA tem acordo com as nove maiores empresas de comunicação do mundo, incluindo Apple, Microsoft e Google, para ter acesso aos sistemas delas, o objetivo dos Estados Unidos é eliminar a privacidade do mundo, e isso já está acontecendo. O sistema que está sendo construído tem muito poder para coletar quase todas as informações trocadas no mundo, e o poder é desequilibrado quando uma nação sabe tudo o que acontece em outra nação.

Greenwald foi procurado pelo ex-técnico da CIA Edward Snowden para divulgar cerca de 20 mil documentos relacionados com espionagem, de Snowden, que comprovam que vários países, incluindo o Brasil, estão sendo monitorados pelos Estados Unidos, mas ele não informou sobre o conteúdo dos documentos.  Matéria do jornal O Globo de 6 de julho denunciou que brasileiros, pessoas em trânsito pelo Brasil e também empresas podem ter sido espionados pela Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos, que teria utilizado o programa Fairview, em parceria com uma empresa de telefonia americana, que fornece dados de redes de comunicação ao governo do país.

Com relações comerciais com empresas de diversos países, a empresa oferece também informações sobre usuários de redes de comunicação de outras nações, ampliando o alcance da espionagem da inteligência do governo dos EUA. Ainda segundo o jornal, uma das estações de espionagem utilizadas por agentes da NSA, em parceria com a Agência Central de Inteligência (CIA) funcionou em Brasília, pelo menos até 2002. Outros documentos apontam que escritórios da Embaixada do Brasil em Washington e da missão brasileira nas Nações Unidas, em Nova York, teriam sido alvos da agência.

Logo após a denúncia, a diplomacia brasileira cobrou explicações do governo americano. O embaixador dos Estados Unidos, Thomas Shannon negou que o governo americano colete dados em território brasileiro e afirmou também que não houve a cooperação de empresas brasileiras com o serviço secreto americano. Por conta do caso, o governo brasileiro determinou que a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) verifique se empresas de telecomunicações sediadas no País violaram o sigilo de dados e de comunicação telefônica. A Polícia Federal também instaurou inquérito para apurar as informações sobre o caso.

A ministra das Relações Institucionais e responsável pela articulação política do governo, Ideli Salvatti, afirmou que vai pedir urgência na aprovação do marco civil da internet, o qual tramita no Congresso Nacional desde 2011 e hoje está em apreciação pela Câmara dos Deputados.

Fonte: Portal Terra

 

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