Entre as muitas memórias deixadas pela visita do Papa Francisco ao Rio de Janeiro, uma não tem qualquer relação com a religião ou o legado de esperança do pontífice. Pelo contrário, há uma espécie de trauma e estresse com uma das maiores concentrações de público que a cidade já viveu, com o agravante de uma mudança brusca de programação. Há lições em todos os setores, da organização do trânsito e do transporte à forma como o município deve fiscalizar os projetos apresentados pelos organizadores de eventos privados. Mas a área mais sensível e desafiadora ainda é a segurança – justamente algo no qual a cidade foi reprovada durante a Jornada Mundial da Juventude.
Principal organizadora da Olimpíada, ao lado do Comitê Olímpico Internacional (COI), a prefeitura não é encarregada diretamente da segurança. Cabe à Secretaria Extraordinária de Grandes Eventos, do Ministério da Justiça, elaborar o planejamento para 2016. A secretaria usará a experiência da Copa das Confederações e da Jornada Mundial da Juventude para elaborar rotas, escoltas, proteger instalações, assegurar a tranquilidade da chegada de turistas nos aeroportos e rodovias e cuidar para que nada aconteça às delegações. “É o evento mais complexo”, afirma o diretor da secretaria, José Monteiro.
O cálculo de Monteiro prevê, em um só dia de competição, o deslocamento simultâneo de 105 delegações pela cidade – o que faz da JMJ, para efeitos de planejamento de segurança pelo Ministério da Justiça, um pequeno aperitivo, apenas. Os jogos vão mobilizar delegações de quase 200 países, que, assim como os árbitros, os executivos da Fifa e as autoridades, terão segurança aproximada e escolta da polícia. A instituição também terá de fazer a segurança de 100 instalações, que vão desde o centro de mídia aos hotéis.
Fica então o dever de casa.
Fonte: Revista Veja