bitcoinA grande bandeira da Bitcoin (BTC) é seu modelo de “fabricação” de valores supostamente inviolável, mas dois pesquisadores descobriram uma forma de burlar o sistema e inflar resultados. Ittay Eyal e Emin Sirer, da Universidade de Cornell, desenvolveram a técnica chamada “selfish mining” (algo como mineração egoísta), acendendo um farol amarelo em toda a comunidade em torno da moeda virtual.

Bitcoins são conquistadas por um trabalho conhecido como mineração: os mineiros são computadores que operam para descobrir blocos, que depois são publicados no site Blockchain para que outros os explorem também. Quanto mais cedo o minerador divulgar o bloco, mais próximo ele fica de lucrar, porque o bloco carrega uma quantidade de Bitcoins. Hoje, para se ter uma ideia, um bloco equivale a 25 BTC, e ela vale US$ 220 (cerca de R$ 493).

Para fazer as descobertas os computadores precisam desvendar um quebra-cabeças virtual. Isso significa que máquinas potentes conseguem mais BTC que as mais humildes, e que uma pessoa com dois computadores se sairá melhor que a que tiver só um. Sempre que ocorre ramificação num bloco, os mineiros são instruídos a partir para a cadeia mais longa e explorá-la. E é aí que começa a malandragem dos egoístas: é possível esconder blocos.

Enquanto os mineradores honestos trabalham numa cadeia recém-descoberta, os egoístas se unem em torno de uma privada até descobrirem uma ramificação nela – ficando, portanto, com dois blocos escondidos. Os pesquisadores explicam que os egoístas conseguiriam achar o segundo bloco antes que os honestos resolvam o quebra-cabeças do bloco original – aquele que gerou os dois dos egoístas. Enquanto os honestos publicam sua solução, os egoístas publicam duas, tornando-se responsáveis pela pela cadeia mais longa. Então os honestos os seguirão, porque o protocolo os manda seguir a cadeia longa.

Mesmo que os honestos descubram o quebra-cabeças antes de os egoístas encontrarem ramificações no primeiro bloco escondido, os egoístas publicam o que têm. Assim, os honestos se distribuirão entre os dois blocos enquanto os egoístas se mentêm no seu até torná-lo o mais longo, ou seja, o principal.

É só um de seus blocos entrar na cadeia principal e ser publicado no Blockchain para os egoístas poderem coletar Bitcoins e fazer dinheiro real com elas.

De acordo com o Mashable, que repercutiu a mutreta, os pesquisadores sugeriram uma alteração no protocolo de mineração, fazendo com que os mineradores passem aleatoriamente para um bloco sem possibilidade de escolha. Isso dificultaria a ação dos egoístas, mas não tornaria o esquema inacessível.

Segundo Eyal e Sirer, ninguém explorou a vulnerabilidade até agora, mas o próprio cenário do mercado de BTC permitiria isso. Atualmente há grandes grupos de mineração, como o BTC Guild, que consegue minerar mais de 1/4 dos blocos num único dia; não seria difícil para eles usar a tática.

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Fonte: Olhar Digital