É inegável que a onda de preocupação com privacidade de dados tem tomado conta do mercado e, com isso, vários adereços são lançados, como treinamentos, certificações, palestras, artigos (como este), vídeos, podcasts e uma infinidade de componentes que permeiam o real objetivo, que é a maturidade na proteção de dados e a conformidade com leis e normas.
Desta forma, um verdadeiro alvoroço foi criado em torno de cargos requeridos, principalmente, pela GDPR (DPO) e LGPD (Encarregado), dando a impressão de que uma nova carreira fora lançada no mercado e que isso significa que é uma opção viável para profissionais das mais diversas áreas.
Tanto na GDPR quanto na LGPD se discutiu (e caiu), em sua concepção, que esta função fosse ocupada, mandatoriamente, por profissionais com qualificação jurídica e com credenciais para tal.
Porém, por pressão das classes de outras funções, isso foi abrandado e, teoricamente, qualquer pessoa pode (desde que reúna condições qualitativas) ocupar este cargo.
As certificações da Exin já citadas por mim, bem como as da IAPP são, certamente, algo que elevam a qualidade de quem as obtém e, do ponto de vista acadêmico, direcionam o indivíduo a candidatar-se e pleitear esta posição nas organizações.
Mas uma questão tem sido feita por quem já está atuando no meio: Vale a pena ser um DPO ou Encarregado?
Isso é dito devido ao fato de que esta figura possui, em uma mão, toda a responsabilidade pelos atos de proteção de dados perante os órgãos reguladores, mas nem sempre possui autonomia necessária para mobilizar recursos e esforços neste sentido, o colocando em uma situação de fragilidade.
Enfim, como em qualquer meio que se auto-regule, isso não ocorre desta forma e o que está efetivamente ocorrendo é algo muito semelhante ao que no passado significava a posição de CISO, onde galgava-se alguém da TI ou mesmo alguém de confiança da Alta Direção (mesmo que fosse de outra área, como Administrativo ou Financeiro, por exemplo) para cuidar desta nova vertente.
O que preocupa é o equilíbrio entre oferta e demanda de mão-de-obra qualificada frente às questões políticas nas organizações, onde ainda devemos esperar que recursos internos sejam priorizados em detrimento aos novos profissionais que estão se qualificando e se atualizando na questão.
Portanto, a estes profissionais eu diria que continuem em sua qualificação e que estejam cada vez mais alinhados e antenados nos quesitos legais e de boas práticas, mas tenham consciência de que isso levará um tempo para que se equilibre e para que as corporações possam absorvê-los de forma adequada e sem vícios corporativos, inclusive o colocando em posição de autonomia plena neste assunto.
Fonte: Blog do Rodrigo Magdalena