backdoor1Autor: Luís Osvaldo Grossmann

Ao tratar do tema da espionagem dos Estados Unidos, a audiência pública realizada nesta terça-feira, 20/8, na Câmara dos Deputados esbarrou nas fragilidades das redes e na existência de backdoors, ‘portas dos fundos’ nos elementos de rede que facilitariam o acesso aos dados que ali trafegam. Mas apesar de tratar da investigação que faz junto às empresas de telecomunicações, a Anatel reconheceu que não tem condições de verificar a existência dessas vulnerabilidades – em boa medida intencionais – nos equipamentos instalados no Brasil.

Precisamos mudar a estrutura que, hoje, não é suficiente para detectar mecanismos desse tipo. Não basta certificarmos os equipamentos. É muito difícil saber que foi um fabricante intencional, por obrigação a uma determinada lei, ou se de outra forma aquele equipamento, aquele chip, facilitou que isso [as brechas] acontecesse”, afirmou o vice-presidente da agência, Jarbas Valente.

O diretor do sindicato nacional das teles, Sinditelebrasil, Eduardo Levy, também sugeriu que o sistema de verificação precisa ser melhorado, ainda que tenha transferido eventuais responsabilidades ao regulador. “Todos os equipamentos que temos nas redes são certificados pela Anatel, embora entendemos que possa ser aperfeiçoado”, disse.

Como lembrou o diretor de políticas de informática do Ministério de Ciência e Tecnologia, Virgílio Almeida, essa é uma questão que passa diretamente pela capacidade tecnológica própria do Brasil. Até porque, como mencionou, “os países que têm essas tecnologias não necessariamente as vendem ou transferem a outros países.”

O Brasil, entre a 6ª e a 8ª economia do mundo, tem que ter condições de proteger seu ambiente computacional. Nosso objetivo no MCT é aumentar a autonomia tecnológica no país e minimizar as vulnerabilidades a possíveis acessos ou monitoramentos indesejados. A estratégia é fortalecer a pesquisa e desenvolvimento e ligar essa estratégia à política industrial”, explicou.

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Fonte: Convergência Digital